A hipertensão pode ser definida como um aumento crônico da pressão arterial sistêmica, seja dos valores máximos (sistólicos), mínimos (diastólicos) ou de ambos.
A classificação da hipertensão, efetuada pela Organização Mundial da Saúde (O.M.S.) e com base nos valores da pressão arterial, permite distinguir três categorias:
Normotensão
- Pressão Sistólica (PAS) < 130 mmHg
- Pressão Diastólica (PAD) < 85 mmHg.
Hipertensão Borderline(Pressão arterial Limítrofe)
- PAS compreendida entre 130/139 mmHg.
- PAD compreendida entre 85/89 mmHg.
Hipertensão
- PAS > 140 mmHg.
- PAD > 90 mmHg.
Além dessa classificação internacional, podemos utilizar a seguinte escala recomendada pelo Consenso Brasileiro/98:
Classificação da Hipertensão Arterial(>18 anos de idade)
PAS (mmHg) | PAD (mmHg) | Classificação |
< 130 | <85 | Normal |
130 - 139 | 85 - 89 | Limítrofe |
140 - 159 | 90 - 99 | H. Leve |
160 - 179 | 100 - 109 | H. Moderada |
= 180 | = 110 | H. Grave |
= 140 | <90 | H. Sistólica |
A Hipertensão Arterial Essencial (sem uma causa precisa) constitui, pelo menos, de 90% a 95% de todas as formas de hipertensão. Todas as demais formas de hipertensão, chamadas secundárias, estão associadas à outra patologia e compreendidas entre 5 e 10%. Nesse segundo grupo prevalecem as hipertensões de origem renal e as várias formas de hipertensão endócrina (por hiperaldosteronismo, doença de Cushing, feocromocitoma).
A hipertensão arterial sistêmica atinge cerca de 20% da população dos países do mundo ocidental e causa, com o decorrer do tempo, patologias graves.
No Brasil, de 15 a 20% da população adulta é considerada hipertensa. Além disso, a hipertensão é responsável por 40% dos casos de aposentadoria precoce em nosso país.
A hipertensão arterial tem um componente familiar. Cerca da metade dos pacientes hipertensos apresentam um traço familiar para hipertensão ou mortalidade cardiovascular prematura em seus parentes de primeiro grau.
Pressão arterial
Sistole/ Diástole
Pressão arterial máxima / Pressão arterial mínima
120-140 mmHg 80-90 mmHg
Fatores ambientais
Foi amplamente demonstrada a relação entre conteúdo de sódio na dieta e os níveis de pressão. A hipertensão arterial parece ser desconhecida entre as populações que consomem pouco sal.
O papel do stress ambiental permanece controverso, embora muitos médicos estejam convencidos de que o estresse pode contribuir para aumentar a pressão arterial.
Idade e Sexo
Nos países industrializados, a pressão arterial média da população aumenta com a idade. Após os 50 anos, a pressão arterial diastólica tende a normalizar-se e, às vezes, até a diminuir, enquanto a pressão sistólica continua a subir até a idade mais avançada.
As mulheres, após a menopausa, apresentam um maior risco de desenvolverem hipertensão arterial.
Obesidade
Foi demonstrada uma correlação entre aumento dos valores da pressão e o aumento do peso e, ao contrário, redução da pressão com a diminuição do peso nos obesos.
Aspectos clínicos da Hipertensão
O quadro é tipicamente pobre e específico, não se notando sintomas nem sinais próprios da hipertensão arterial isolada, especialmente a hipertensão leve.
Cefaléia, vertigens, zumbidos nos ouvidos são freqüentemente considerados como sintomas precoces e freqüentes da hipertensão.
A cefaléia, especialmente matutina ou noturna, oprimente, e não pulsátil, é relatada por cerca de 50% dos hipertensos e se reduz, em cerca de metade, com tratamento favorável.
Nictúria (micções noturnas) e vertigens são freqüentemente assinaladas nos hipertensos (cerca de um terço dos casos).
A pesquisa clínica dos sinais de patologias em outros órgãos é fundamental, sobretudo para a finalidade de prognóstico; sobre eles se baseia a avaliação do risco do hipertenso.
Estes sinais indicam que a hipertensão arterial começou a prejudicar o cérebro, coração (músculo e coronárias) e os rins.
O estudo de fundo-de-olho (retina) representa uma preciosa informação sobre o estado dos vasos cerebrais.
Complicações
A hipertensão arterial determina alterações estruturais no coração, cérebro, rins e vasos arteriais.
Entre essas, podemos citar:
Hipertrofia Ventricular esquerda (HVE)
Representa o resultado de um mecanismo de adaptação do ventrículo esquerdo que, com o passar do tempo, pode favorecer a evolução para a insuficiência cardíaca.
Cardiopatia Isquêmica
É uma das principais complicações da hipertensão. A elevada pressão arterial acelera o processo aterosclerótico nos vasos coronarianos, ocasionando obstrução da passagem do fluxo sangüíneo e isquemia.
Insuficiência Cardíaca
Devido principalmente à insuficiência ventricular esquerda, é bastante freqüente.
Representa a progressão da hipertrofia ventricular esquerda por sobrecarga crônica de pressão. Podemos, portanto, considerar a hipertrofia como fase de compensação que, se não tratada, evolui para a insuficiência.
Retinopatia Hipertensiva
Em pacientes hipertensos, pode ser constatada a presença de alterações nos vasos da retina ao exame do fundo de olho.
A descoberta de hemorragias e exsudatos, nessa região, representa um quadro de hipertensão grave.
Encefalopatia Vascular
Os dois aspectos fundamentais são representados pela hemorragia cerebral, complicação direta da hipertensão e pelas vasculopatias cerebrais.
Em geral, os hipertensos apresentam um maior número de crises cerebrovasculares do que os normotensos. São os chamados acidentes vasculares cerebrais - (AVC).
Nefropatia Hipertensiva
A hipertensão arterial é uma freqüente manifestação clínica dos pacientes com insuficiência renal.
Medida da pressão arterial
Uma medição acurada da pressão arterial com esfigmomanômetro de mercúrio constitui o primeiro e mais importante passo para um correto diagnóstico.
Por ocasião da primeira consulta, a pressão arterial deveria ser medida em ambos os braços, já que às vezes, pode-se encontrar uma significativa diferença entre os dois lados.
É necessário que valores de pressão elevados sejam confirmados pelo menos em três distintas medidas, a serem efetuadas, possivelmente, no mesmo horário do dia, porquanto a pressão pode variar de uma consulta para outra, assim como no decorrer do dia.
Em caso de hipertensão limítrofe, pode ser útil dispor de medidas efetuadas em diversas circunstâncias extra-consultórios.
Pesquisas laboratoriais
As pesquisas de laboratório podem permitir a identificação de elementos de alto risco e podem individualizar outros fatores de risco (hipercolesterolemia, diabetes ou formas secundárias de hipertensão).
Prognóstico
O risco de desenvolver uma doença cardiovascular aumenta com a elevação dos níveis da pressão arterial: mais elevada é a pressão arterial, maior é o risco de eventos coronarianos, cerebrais e renais.
A diminuição dos níveis da pressão, mesmo os levemente elevados, reduz a mortalidade por causas cardiovasculares, cerebrais e renais.
A possibilidade de desenvolver danos aos outros órgãos depende, também, de uma série de fatores de risco associados ao aumento dos níveis pressóricos:
Estes fatores compreendem:
- Idade avançada
- Sexo masculino
- Eventos cardiovasculares
- Hipertrofia ventricular esquerda
- Nefropatias
- Fumo
- Diabetes
- Dislipidemia (é o colesterol total e o colesterol LDL e HDL)
- Vida sedentária
- Obesidade
A presença de um ou mais destes fatores poderia agir como uma determinante de risco bem mais grave do que um aumento do nível da pressão.
Terapêutica da Hipertensão
O objetivo principal da terapêutica da hipertensão é o de reduzir, além dos níveis pressóricos, a incidência das doenças e da mortalidade cardiovascular.
Medidas Gerais
A abolição do fumo, a redução do peso, a redução do excesso de álcool e, sobretudo, a diminuição de sódio na dieta são providências que, diretamente, são capazes de diminuir a pressão arterial diastólica para o nível de 90 mmHg em alguns hipertensos leves e sem fatores de risco, sem terapia farmacológica.
A estas providências, deve-se associar uma maior atividade física e a redução dos níveis de colesterol, para agir também sobre outras situações que agravam o dano da hipertensão.
Diminua ou Elimine | Comece ou aumente |
---|---|
Peso Corporal | Exercícios Físicos |
Ingestão | |
Tabagismo | |
Álcool | |
Stress |
Terapêutica Farmacológica
Várias substâncias são utilizadas no tratamento da hipertensão, sendo consideradas eficazes e bem toleradas.